Período: 17/06 a 23/06/2018
Itan, palavra iorubá, utilizada no singular e no plural. Itan significa história.
O Desejo de Gadamu (Ruy Póvoas)
Um homem chamado Gadamu nasceu e se criou em Aldeia Velha. Desde novinho, ele vivia insatisfeito com tudo que era da sua terra. Jurava, todos os dias, ir embora para Aldeia Grande, a terra das novidades, onde pudesse aprender muitas coisas para ser uma pessoa importante. O seu sonho era vencer na vida e viver conforme ele entendia. Por isso, ele não dava muita importância à sabedoria e ao conhecimento de seu povo. Para ele, tudo aquilo era muito limitado e, ali, ele jamais seria um vencedor. Quando os viajantes passavam pela Aldeia Velha e davam notícias de Aldeia Grande, Gadamu ficava amuado e zangado com todo mundo. Mas Gadamu também sofria muito, pois amava seus parentes e seus amigos. Seu coração doía, quando ele pensava em deixar tudo e ir embora para longe. Um dia, Gadamu criou coragem e partiu. Apenas se despediu dos mais íntimos e muitas das suas coisas ficaram abandonadas porque, para ele, eram coisas sem serventia. De tempos em tempos, passavam viajantes por Aldeia Velha e informavam: - Gadamu mandou dizer que não esquece de todos e que um dia vai voltar, mas ainda está lutando para alcançar o que deseja. Passou muito tempo. Um dia, Gadamu voltou. Agora ele era um homem sabido, com muitos cestos e baús repletos de muita novidade. Considerava-se um grande vitorioso na vida. Mas Gadamu foi tomado de muitas surpresas: os avós e os pais dele não existiam mais. As irmãs tinham se casado com homens de outras aldeias e foram embora com seus maridos. Ele não conhecia mais os rapazes que tinham nascido depois de sua partida. E os jovens de seu tempo agora não sabiam mais o que conversar com ele. As velhas casas não existiam mais e os antigos animais de estimação há muito tempo tinham desaparecido. Os cachorros estranhavam Gadamu e não queriam saber de seus afagos. O terreno baldio, atrás de sua casa, agora era uma mata e a grande gameleira-branca tinha sido queimada por um raio. Aí, Gadamu se deu conta de que sua amada Aldeia Velha não existia mais e a família, que era o seu maior tesouro, tinha se acabado. Pensou em voltar para Aldeia Grande, mas concluiu que também não tinha fincado raízes por lá. Afinal, ele tinha labutado o tempo todo em Aldeia Grande, para ficar sabido, garantir o futuro e voltar. Agora ele não sabia o que fazer com tudo o que tinha aprendido, porque ele não tinha mais quem sustentasse seus sentimentos. E Gadamu ficou como exemplo: Quem pensa apenas em si, mesmo coberto de glória, não tem com quem dividir.
Fonte: PÓVOAS, Ruy do Carmo. Itan de Boca a Ouvido. Ilhéus: UESC, 2004.
Atividade 02: O meu desejo é...
Você se identificou com a história de Gadamu?
No final do itan, verificamos que o bem mais valioso que Gadamu possuía era a família e os amigos.
E quanto a você, qual o seu bem mais precioso? Utilize o campo de comentários para produzir um breve relato. A produção é livre!
Sim. Sem dúvida,o bem mais importante é a família, formada por laços de sangue e, sobretudo, a familia formada por laços afetivos, com os amigos e parceiros. No entanto, é importante sair, percorrer outros caminhos. E a única maneira de se encontrar é sozinho.
Realmente muito interessante a historia de Gadamu, historia que eu vejo com frequencia entre pessoas proximas a mim, o desejo de de uma vida melhor, de novos conhecimentos é frequente, porem o que a historia descreveu e o que vimos é que a familiae amigos é um grande na vida de cad um de nós, e por isso, precisamos não so pensar em nós , mas sim nas pessoas que amamos também.
(acabei esquecendo de fazer a parte dois do bloco, então cá vou eu)
Tenho muito apreço pelo que chamo de minha "família escolhida", que inclui minha mãe, meu irmão e amigos de uns e de outros que foram se achegando e tornando-se amigos de todos. Sinto que com meus amigos sou rica porque aprendo mais, porque criamos uma rede de apoio, porque muitas vezes conseguimos fazer mais do que faríamos sozinhos. Porque posso ampliar meus horizontes e aprender com as experiências e realidades deles. Porque podemos nos acolher e nos aceitar. Ou aprender nas diferenças.
Também considero que a vida é uma riqueza, e estar presente nela, poder mover-me, poder usufruir da vida, é uma bênção, privilégio, é muitas coisas.
A minha família é o meu maior bem. Sem eles eu nada seria. Cada um tem um papel fundamental na minha trajetória. Cada um me deu um tiquinho de valores que eu quero guardar pelo resto da minha vida.
A históaria de Gadmur nos mostra que as pessoas dependem uma das outras para viver, precisamos sim ir em busca dos nossos objetivos, porém precisamos valorizar o próximo, pois ninguém vive sozinho. Neste sentido, meus bens mais preciosos são as pessoas que estão a minha volta, minha família e meus amigos.